outubro 31, 2004

Bush e a política no Próximo Oriente



Terça-feira é o grande dia. O Mundo saberá com quem contará na liderança da super potência. Desde há longo tempo, prevejo uma vitória de Bush. É verdade que Kerry tem conseguido inverter a tendência de vitória, mas penso que não chegará. A memória do 11 de Setembro ainda está muito recente nos americanos, e este factor, por muito que custe a grande parte dos europeus compreender, é esmagadoramente influente nestas eleições. Muito mais que a intervenção no Iraque.
Em todo o Mundo se levantam vozes contra a intervenção no Iraque. Bush é um idiota. Bush não previu o que sucederia. Bush é fanático. Eu, muito sinceramente, também penso assim: Bush é um pateta. Agora, Powell, Cheney e Rumsfeld? Alguns dos mais capazes políticos/militares dos Estados Unidos?
A Política da sua Administração no Próximo Oriente (e não Médio Oriente, porque nós não estamos no continente americano) não é nada desprovida de senso, ao contrário do que muitos apregoam. Se houve lição que os Estados Unidos aprenderam no 11 de Setembro foi o facto de a Arábia Saudita funcionar como agente duplo naquela região do Globo: aliada na exploração petrolífera, mas grande financiadora do terrorismo islâmico. E, ao contrário do que se diz, a Administração Bush sabe que Israel não é um aliado de confiança. Mais do que um ajuste de contas pessoal, a invasão no Iraque serviu para tentar criar (à força, é certo) um Estado aliado islâmico na zona. Pode vir ser um Estado fantoche, mesmo ditatorial, mas aliado. E, nesse aspecto, o Iraque era ideal. Situado entre os países mais ameaçadores para a segurança americana (Arábia Saudita e Irão), seria uma base ideal caso fosse necessária uma intervenção militar contra qualquer um deles. Por outro lado, a existência de um aliado na zona libertaria os Estados Unidos de serem tão apegados ao aliado israelita, diminuindo significativamente a rigidez diplomática e podendo impor, sem qualquer receio, uma resolução diplomática do conflito israelo-palestiniano (note-se que, ao contrário do que é frequentemente sugerido nestes dias, o lobby judaico é muito mais preponderante nos Democratas que nos Republicanos).
É verdade que esta Política é arriscada. Muito, diria eu. Mas mais que prudência, que, no fundo, traduz-se por inércia, esta Administração passou à acção, algo que ninguém teve coragem de fazer. E sabe-se que a inércia na região levou ao segundo ataque militar estrangeiro em solo americano.
Para concluir, duas notas breves. O que é melhor para os Estados Unidos não reflecte necessariamente o que é melhor para o Mundo, e, sendo americanos, os votantes devem decidir o que é melhor para a América. Os princípios morais nas Relações entre os Estados nunca existiram, nem nunca existirão.

outubro 28, 2004

A Esquerda europeia, suprema moralista



O veto exercido pela esquerda europeia à indigitação de Rocco Buttiglione para a Comissão Europeia foi o mais recente sinal da atitude desta. A Esquerda, por toda a Europa, arroga-se à superioridade moral. Perdida a noção da inevitabilidade histórica da vitória sobre o Capitalismo, esta mudou de campo, passando-se para a prepotência da omnisciência e pureza ética. Em Portugal, com a devida bonomia da Comunicação Social, assistimos a este fenómeno todos os dias, de cada vez que ouvimos o Camarada Louçã e seus compinchas (excepção de Miguel Portas), com tempo de antena largamente superior ao devido, se atentarmos nos resultados eleitorais do BE. É na questão do Aborto, é na crítica reles e fácil à evasão fiscal, é nos chavões rasteiros lançados aos membros do Governo. A nível mundial, á a luta alter-globalização e a demonização de Bush. O facto de a Esquerda propositadamente não distinguir princípios morais da aplicação da Lei é sintomático do grau de demagogia e de ataques baixos a que chegou. É negar a independência entre Estado e Religião, essência do pensamento de Esquerda, que bastos benefícos trouxe, mesmo ao pensamento de Direita. Uma melhor Esquerda é necessária. Uma que não enverede pelo facilitismo. Uma Esquerda com os pés na realidade, terra-a-terra, não descurando, contudo, a sua origem e o seu passado. Chega de falsos moralismos. Já não há pachorra.

Nota pública



Tenho "postado" pouco. A vida anda dura... Além disso, tenho fugido um pouco ao objectivo inicial do blog. As minhas desculpas (penso que a Leonor também se revê neste pedido). Há que retomar a linha certa. É o que vai suceder de imediato.

outubro 26, 2004

Nota pessoal (se quiserem, podem passar...)



Não posso deixar passar o dia sem fazer um balanço do ano que passou. Todos os que me conhecem e convivem comigo me dizem que pareço velho. A verdade é que não pareço, eu ESTOU velho. Foi o ano mais intenso da minha vida. Foi verdadeiramente desgastante. Houve momentos de pura alegria, momentos da mais profunda tristeza, momentos de trabalho ininterrupto, momentos do mais entediante ócio. Mas todos eles vividos com a maior intensidade possível. Por isso, mais do que nunca, posso afirmar que sou feliz. Velho, mas feliz. Redescobri o peso das amizades sólidas. Como alguém ( ;) ) me disse:


O Amor faz promessas que não cumpre, a Amizade cumpre promessas que não faz

O que não me impede de desejar voltar a amar. Porque quem verdadeiramente ama, sabe que a vida ganha uma dimensão completamente diferente quando há Amor no ar. Por isso, serei sempre um crente nas relações. Nunca entrarei receoso ou de pé atrás, para ver o que dá uma relação. As relações são para ser vividas na totalidade.
E pronto. Mais um ano, menos cabelos, mais barba... Tudo como dantes, Quartel general em Abrantes...

P.S. Fim da nota pessoal. Já podem passar para posts mais interessantes.

outubro 18, 2004

Vida e morte



Hoje faleceu o presidente da Associação de Estudantes do Instituto Superior de Engenharia de Coimbra, Ricardo Ferraz. Acontece que o Ricardo era um dos meus grandes amigos, daqueles que estão sempre connosco. Está indelevelmente associado ao ano mais alegre de toda a minha vida, no qual despertei para o maior valor de todos: a liberdade. Eram as parvoíces nas aulas, era uma balda quando nos apetecia, era irmos para as manifs da CGTP em frente ao Ministério do Emprego (andámos na Escola Secundária D. Filipa de Lencastre, mesmo ali ao pé). Tudo isto no 7º ano. Além destes factos, o Ricardo tinha uma coisa pouco comum em Portugal: Iniciativa. Mesmo nessa altura, em que algumas pessoas viam nele um puto com a mania que era esperto, sobressaia um espírito indomável, à procura do sucesso. E alcançou-o, sendo um frequentdor assíduo de olimpíadas de Informática, de reuniões além fronteiras, intervindo no associativismo académico.
No 8º ano, foi viver para tondela, terra natal do pai. Estando separados fisicamente, nunca nos esquecemos um do outro, recordando as nossas tropelias sempre com um sorriso. Porque essa era outra das marcas dele: um sorriso sempre disponível, sempre aberto.
Tive a felicidade de estar com ele há um mês atrás. Estava exactamente a mesma pessoa. Ficámos de nos encontrar ainda este ano. Gostava de ser crente para acreditar que nos reencontraríamos...
A morte está sempre presente nas nossas vidas. E hoje, fui obrigado a relembrar tal facto. A minha psyché, nestas alturas, reage de modo constante: mais que tristeza, é invadida por Saudade. Sim, porque é isso que resta de nós quando morrremos, Saudade...

outubro 17, 2004

Música é vida #2



I walked across an empty land
I knew the pathway like the back of my hand
I felt the earth beneath my feet
Sat by the river and it made me complete
Oh simple thing where have you gone
I'm getting old and I need something to rely on
So tell me when you're gonna let me in
I'm getting tired and I need somewhere to begin

I came across a fallen tree
I felt the branches of it looking at me
Is this the place we used to love?
Is this the place that I've been dreaming of?

Oh simple thing where have you gone
I'm getting old and I need something to rely on
So tell me when you're gonna let me in
I'm getting tired and I need somewhere to begin

So if you have a minute why don't we go
Talk about it somewhere only we know?
This could be the end of everything
So why don't we go
Somewhere only we know?

Oh simple thing where have you gone
I'm getting old and I need something to rely on
So tell me when you're gonna let me in
I'm getting tired and I need somewhere to begin

So if you have a minute why don't we go
Talk about it somewhere only we know?
This could be the end of everything
So why don't we go
Somewhere only we know?

This could be the end of everything
So why don't we go
Somewhere only we know?


(Somewhere we only know, Keane)

outubro 16, 2004

É I, é S, é IST!

Hoje passei uma tardada de estudo na minha antiga faculdade. Foi uma das tardes mais engraçadas dos últimos tempos. Regressei ao ambiente em que vivi os últimos cinco anos da minha vida, revivi aulas, horas de estudo e de trabalhos, discussões sobre os méritos do Toni e do Zahovic. Estavam lá os "nerds" do costume, a marrarem e a programarem, a falarem de computadores, de carros, de motos... Uma pessoa disse-me, há tempos, que se via que eu era do Técnico, que temos todos uma coisa qualquer que nos identifica a léguas. Na altura, fiquei um bocado zangado, porque, hoje em dia, as pessoas do Técnico, no restante meio universitário, são mal vistas. Têm fama de excessivamente competitivas, marronas, cinzentas.
Contudo, hoje constatei um facto. Efectivamente, sou um tótó do Técnico. Sinto orgulho de ter passado num dos poucos pólos de investigação do país e, de muito longe, a melhor faculdade de Engenharia de Lisboa (a FEUP, no Porto, é do mesmo calibre), por muito que isso custe aos alunos da FCT/UNL ou aos do ISEL. Tal deve-se à capacidade de captação do IST no que diz respeito ao nível médio dos estudantes. Bem podem vir com conversas de novas pedagogias, níveis de exigência elevados noutros sítios, são tretas. São as cabeças do Técnico que o fazem o que é. Por isso, digo: É I, é S, é IST (e mais nada)!

outubro 12, 2004

Momentos de prazer...

Ligo o auto-rádio na Radar e ouço o "Seven Nation Army" dos White Stripes. Ainda há momentos de puro prazer na vida...

Louvor ao Ódio

Nenhum sentimento é mais humano e, quando controlado, mais franco que o Ódio. Eu confesso que odeio pessoas. É muito bom, faz-nos sentir vivos. É um dos motores da minha vida. Sempre foi. Se tal é ser-se má pessoa, então sou má pessoa com orgulho. Eis uma lista de pessoas que não importava que desaparecessem da face da Terra, embora haja mais nomes (como diz Vincent Vega no Pulp Fiction: No trial, straight execution):
- Bjork;
- Mega FM (todos os animadores);
- Toranja;
- Tochas, o palhaço escultor;
- Júlia Pinheiro;
- Padre Borga;
- Margarida Martins (A.K.A. Gorda da Abraço);
- Odete Santos;
- Paulo Portas;
- Francisco Louçã;
- Raul Solnado;
- Carlos Cruz;
- Fialho Gouveia (oops, este já foi...)

outubro 05, 2004

Música é Vida



So, if you're lonely
You know I'm here
Waiting for you
I'm just a cross-hair;
I'm just a shot away from you

And if you leave here,
You leave me broken
Shattered I lie
I'm just a cross-hair;
I'm just a shot, then we can die

oooh!

I know I won't be leaving here
With you


(Take me out, Franz Ferdinand)

Memória #1

Hoje celebra-se um dos dias mais infames da História de Portugal. Há 94 anos, os pobres de carácter atingiram o Poder, e não mais o deixaram.

outubro 02, 2004

Resposta ao CC



Em consequência do meu post João Soares, Sócrates, Guterres e o voto português, houve uma série de comentários com o CC. A discussão é interessante, pelo que considero que deve passar para a página principal do blog. Aqui vai a minha resposta ao último comentário:

CC,

é verdade que a reabilitação do Rossio é, sem dúvida, obra do João Soares. Sem dúvida. No entanto, essa dos parques na periferia da cidade é uma daquelas medidas de planeamento perfeitamente inócuas e demagógicas até mais não. Poque o problema do estacionamento em Lisboa não é tanto a disponibilidade de lugares, que, de facto, não abunda. É, isso sim, o facto de o estacionamento ser praticamente DADO. A resolução passará pela tributação SÉRIA do estacionamento, bem como pelo pagamento de portagem para entrar em Lisboa. Isso sim é planeamento e incentivo à utilização de transportes públicos. O Santana até falou nisso uma vez, mas não há coragem política em Portugal para tomar medidas dessas. Outra medidas passarão pelas restrição de acesso ao centro (coisa que começou a ser feita) e pelo alargamento das faixas de BUS. Podes dizer que a oferta actual torna inviáveis estas medidas. Tal será falacioso. Qual será o operador que entra no mercado e dá lucro se não tiver velocidades comerciais da ordem do 30-35km/h e custos em km.h baixos? Sim, porque a solução passará sempre por oferta privada, por muito que isso custe a certa Esquerda (exemplo: expressos minibus Campo Grande-Rossio, Sete Rios-Rossio).
Quanto à cultura, sabes bem que isso é matéria de ELITES. É a verdade crua e dura. E que tal só tem peso para agradar a comunicação social. E olha que eu sou um beneficiário das iniciativas do João Soares nessa área (os festivais de cinema são disso exemplo).
Quanto à reabilitação do centro, a verdade é que foi ou está a ser feito o maior levantamento de situação de sempre, por muito que isso te custe (eu sei porque tive que consultar processos relativos a edifícios quando estava no IST). Ao menos isso: que se conheça a situação antes de intervir. No que diz respeito à gestão, confesso que não conheço a situação por dentro.
Quanto à função pública, sejamos claros e francos. Há um excesso brutal de funcionários administrativos em todas as vertentes da função pública. E olha que falo contra a minha classe, que beneficia claramente da actual rede de incompetências. A quantidade de recursos humanos libertados para o mercado com despedimentos na Função Pública de pessoal JOVEM era uma força impulsionadora como poucas houve ou haverá em Portugal. Outra coisa te digo: um dos maiores erros em termos de sistema político em Portugal é a mera existência do Poder Local. A nossa dimensão permite claramente um planeamento central, desde que a organização do Estado seja minimamente decente. As únicas zonas que, porventura, exigiriam gestão local seriam as áreas urbanas com mais de 50000 habitantes. Só aí, libertavas uma quantidade de recursos financeiros que te permitia teres mais professores, juízes, e outras profissões que faltam.
Quanto ao consumo interno, reitero: é um péssimo caminho. E não é por o governo ser PSD/PP que não deixo de criticar (note-se que eu não sou do PSD nem do PP; seria do PP se não fossem uns bacocos com a mania que são padrecas, uns demagogos de primeira).

Aguardando a tua resposta,

Pedro