março 06, 2006

Sócrates na Finlândia e os almoços grátis



Ao que parece, Sócrates anda buscando inspiração na Finlândia para o modelo educacional do país. Sinceramente, faz bem. Muito bem, mesmo. Só há aqui uma questão: com o nosso Estado, o sistema educativo à moda finlandesa é absolutamente impraticável.
Levantam-se claramente vários problemas, desde logo o conceito absolutamente nuclear na Finlândia de respeito pelo próximo e pela coisa pública. Levanta-se também o problema da inoperância criminosa do Estado português, que mantém uma organização à anos 30. Mas o fulcro da questão encontra-se no modelo que se pretende para Portugal.
Não podemos continuar na ilusão de pretendermos que o Estado nos garanta alguma coisa a descontarmos 30 ou mesmo 40% dos nossos rendimentos. Não se pode pedir constantemente a mama do Estado (reflexo condicionado de todo e qualquer português), quando ninguém a reabastece. Ou se assume um Estado-Providência, em que os contribuintes descontam 60% dos seus rendimentos, ou então admite-se a incapacidade do Estado em prestar a maior parte dos serviços sociais e os contribuintes descontam 20%, ou coisa que o valha. Não há almoços grátis. É esta a verdadeira questão que Sócrates, e a classe política de modo geral, deveria colocar aos portugueses quanto antes.

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